Insano mundo insano!
Sim, sua vida já não valia à pena,
abria a cortina, e era isto que concluía todas as manhãs! Pois, para ele todo
dia tornara-se cinza e de sol coberto! Seu único lazer, litros e litros de
cores engarrafadas. Tudo era paralelo e virtual! Afinal, sabia bem que sua glória ficara em
algum lugar também coberto. Dia após dia, a vida seguia levantar-se, comer, ir
ao trabalho empilhar caixas. O que lhe
faltava? Relembrar os dias de aventura? Talvez alguma experiência nova!
Coçou a barba rala, cusparada no
chão, saiu decidido! A consciência que se dane! Faltaria o emprego! Maldita
consciência! Mas, precisava mesmo de um gole novo! Consultou sua agenda de
telefones! Tudo em cima? Não, todos viam estava cabisbaixo! Mais alguns passos,
estava em frente aquele velho altar, repouso de seus troféus... Bateu a porta!
Algum vizinho notou a sua presença, suspeitou de sua chegada, afinal, o som já
estava ligado. Dane-se! Alguém abriu a porta!
_ E aí, cara!
_ Nada, nada... Dane-se tudo, cara, emprego... Preciso mesmo
é de algo novo!
14:30, o asfalto como um caudaloso
rio de magna e saem os dois, seu destino duvidoso! Boteco do divino, um
esconderijo para a pior estirpe da cidade, parada certa de qualquer coração
vadio. Insano mundo insano! Todavia, neste dia preferiram voltar a casa, mas não antes de arrefecer o calor!
_ Um maço de cigarros e duas pingas,
brother!
Sim, estavam ambos cansados da
falácia daquela cidade, tantos urubus entre os escombros. O som ainda estava
ligado, a batida enfurecida do rock efervescia os olhares da vizinhança. Talvez
estivesse o mundo errado, cobranças e cobranças, escravos da máquina rechiada
de promessas! E assim entre uma balada e um blues ouviram todos...
_ Bota, tira... Bota, tira... Não,
devagar! Aquece mais...
_ Qual foi, cara? Vai ser rápido!
_ Bota, tira... Vai, vai...
Que pecado, um insulto para a vila
dos urubus, logo, sorrateiramente, uma daquelas aves negras se achega para
bisbilhotar.
_ Qual foi, cara? Tem gente passando!
_ Dane-se ta ardendo!
_ Imagina o que vão pensar? kkkkkkkkkkk
_ KKKKKK! Quantos dias você acha que
vão me dar?
Enojada de tal sacrilégio a ave negra
se afasta!
_ Sei lá, morde a toalha aqui, segura
o pé! Vou deixar de lado o ferro de passar e aquecer uma colher!
_ Isso, isso... Acho que consigo uns
três dias sem ir ao emprego. Direi a médica que fui a um churrasco e pisei na
brasa de um carvão.
_ Valeu, bota tira... Aguarda aí!
_ kkkkkkkkkkkkkkk
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